"Parecia o Líbano, depois dos bombardeamentos". João Rebelo não esconde o espanto pelas obras de demolição, na antiga fábrica da cerveja, que logo mandou embargar.
A fiscalização municipal detectou situações "anormais", nas obras de demolição na antiga fábrica da cerveja, ao Loreto. Daí que o vereador João Rebelo tenha sido obrigado a impor embargo imediato à intervenção. Ontem, na reunião do executivo, o responsável pelo pelouro do Urbanismo questionou, mesmo, a legitimidade e a oportunidade do "bota-abaixo" numa edificação industrial com história e valor patrimonial relevantes.
Desactivada há alguns anos, a antiga unidade industrial onde se fabricou cerveja, ao longo de décadas, está a ser demolida. Pelo menos, em parte. A intervenção é visível, da própria estrada, e as suas características levaram à apresentação de diversas queixas à câmara. Assim, no passado dia 17 de Agosto, o vereador João Rebelo ordenou uma fiscalização às obras. No local, os fiscais começaram por ser barrados, alegando um responsável da empreitada que apenas estariam a ser retirados materiais. Mas a verdade é que, lá dentro, eram bem visíveis as demolições de vigas, placas, paredes, lajes (tudo elementos estruturais), tendo o vereador desabafado que "aquilo parecia o Líbano depois dos bombardeamentos".
A fiscalização identificou a empresa que executava a demolição e verificou que não possuía o competente alvará legal. Quanto à propriedade das instalações, depressa se percebeu que já não é a Centralcer a dona, mas sim a Imoseagle, uma empresa de gestão imobiliária, com sede na Avenida Sá da Bandeira.
O resultado foi o levantamento do auto de embargo. Segundo a participação do fiscal municipal, as normas infringidas são de molde à aplicação de uma coima que varia entre os 500 e os 200 mil euros.
Ontem, na reunião do executivo, o vereador João Rebelo não se furtou a condenar este insólito, de forma veemente. Desde logo, porque a câmara nada sabia. Depois, porque os fiscais passaram pela "rocambolesca e caricata" tentativa de serem impedidos de entrar. Finalmente, porque tudo ali era novo, levando mesmo a dificuldades na identificação de quem teria de ser notificado."
A câmara nunca deixará de actuar perante situações destas", garantiu o agora vice-presidente da autarquia, sublinhando que, "na verdade, o executivo nunca foi chamado a pronunciar-se sobre a intervenção", nomeadamente se deve ou não salvaguardar-se a preservação de algumas partes da antiga fábrica, com valor patrimonial, histórico e afectivo inquestionáveis, para Coimbra.
Fonte: Diário As Beiras
1 comentário:
Que bonita fachada toda em vidro (anos sessenta) junto à EN1, de onde via o moderno interior da fábrica e os imponentes alambiques de cobre.
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